quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

O meu primeiro conto de sempre (aos 9 anos)

Agora que fui relembrada do meu pequeno conto «Pandora Não Gosta de Ler», decidi ir ao baú, bem lá no fundo e procurar o primeiro conto que alguma vez escrevi, "Sete Ilhas e Sete Mágoas".

Escrevi este conto quando tinha 9 anos e o papel já está amarelecido. Os desenhos que o acompanham fazem-me ficar ligeiramente embaraçada e a letra tipicamente manuscrita à primária. 

Desde muito cedo que sabia que queria ser escritora e esta foi a minha primeira tentativa, tinha acabado de começar a ler o "Harry Potter e a Pedra Filosofal" e foi ai que a minha mente foi aberta para o mundo dos livros.

Correndo o risco de arruinar a minha carreira como escritora, decidi transcrever o conto sem alterar nada a não ser a ortografia e pontuação:

SETE ILHAS E SETE MÁGOAS  

Há muito, muito tempo, nos tempos dos réis e bruxas, vivia um rei numa grande ilha com a sua mulher e as suas sete filhas.
  A mais velha de 12 anos, Alexandra, a de 11 Catarina, a de 10 Paula, as gémeas de 8 Lily e Tatiana, a de 5 Raquel, a de 3 Marléne e a de 1 Maria.
  Todos viviam felizes como alguém podia viver. A ilha era cheia de gente; crianças com quem as sete podiam brincar.
  O rei tinha sete ilhas à volta daquela, um bocadinho longe da grande e elas eram grandes, mas a maior era onde toda a gente vivia feliz.
  Mas um dia, a felicidade acabou, as bruxas e os cidadãos tiveram uma luta terrível. O rei foi pôr as filhas em cada uma das ilhas. Os outros foram pôr os seus filhos em terra e voltaram para lutar pela sua terra.
  Mas a sorte não esteve do lado deles. As bruxas ganharam a enorme ilha que se chamava Felicidade e afundaram-na. As sete perderam a memória dos seus pais, da sua terra e das suas irmãs.
  O tempo passou, elas tinham sido criadas pelas sereis e golfinhos. As sereias tinham magia e conseguiam andar em terra, na água tinham barbatanas e em terra tinham pés. As sereias contaram-lhes a história dos pais e da guerra, menos das irmãs. Cada uma vivia com a mágoa de não terem pais, terra e de não se lembrarem de nada dos seus antigos tempos.
  O divertimento delas era ir visitar o fundo do mar. As sereias faziam magia e elas conseguiam aguentar muito tempo debaixo de água, montadas nos golfinhos.
  Um dia as sete foram ver, mais uma vez, o fundo do mar e, como por coincidência, foram no mesmo dia e encontraram-se. Quando voltaram ao cimo, perguntaram:
  – Quem são aquelas raparigas que vivem perto daqui e eu nunca soube?
  Elas não lhes mentiram e responderam que eram as suas irmãs.
  Elas para se conhecerem foram para a ilha da Maria.
  Continuaram a viver nas suas ilhas, mas indo visitar-se todos os dias.
  Passado pouco tempo, sete cavaleiros ouviram a história da ilha Felicidade e das sete raparigas.    Nunca ninguém tinha ido lá, porque tinham medo. Mas estes cavaleiros eram corajosos e foram.   Quando chegaram conheceram as belas raparigas, ficaram amigos e aos poucos e poucos, apaixonaram-se.
  A família já tinha ficado assustada, porque não sabiam deles. Eles voltaram em segredo, levaram a família e os amigos e voltaram para a ilha.
  Com a magia das sereias, as suas ilhas juntaram-se e ficou ainda maior que a Felicidade e chamou-se Sete Ilhas e Sete Mágoas. As sete ilhas que eram dantes e as mágoas que elas tinham dos seus pais.

   As sete casaram com os sete cavaleiros e viveram felizes para sempre. 

                                            FIM

Como podem ver, já naquela altura tinha uma certa inclinação para criar imensas personagens e Lily já era um dos meus nomes preferidos para a criação das minhas personagens preferidas. Escusado será dizer que ainda não conhecia bem as bases do conflito, necessário para uma história e gostava de explicar mais do que devia. Mas tinha nove anos, em breve aprenderia muito mais sobre a escrita se fosse mesmo aquilo que desejava... e não é que queria mesmo. 

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