Uma coisa que de vez em quando exige um certo esforço é
transições. Não é as transições dentro de um parágrafo para o outro, com essas
eu passo bem, mas as que estão dentro do mesmo parágrafo.
Se escrevêssemos um capítulo por cena ficaríamos com mais
de cem capítulos num livro e alguns só tinha uma página ou até mesmo meia
página. Conseguem imaginar?
É por isso que existem transições.
O melhor método é incluir uma pequena descrição ou uma linha
de pensamentos do protagonista, mas muito disto pode aborrecer o leitor. Outra possibilidade
é deixar uma linha em branco no meio da página. Nunca viram este símbolo * num livro?
Eu não lido muito bem com transições dentro mesmo capítulo,
por isso muitas vezes a minha informação é despejada num BUM-BUM, que baralha
quem não está dentro da minha cabeça.
Estou a falar a sério, uma vez acabei um parágrafo com: “Quando
me sentei no lugar do condutor já os dois tinham desaparecido.” E o parágrafo
seguinte começava com: “Entrei em casa e enfrentei o silêncio da noite.” Onde é
que eu tinha a cabeça? No mínimo podia ter posto uma linha de intervalo!
Agora estava a rever e dei por mim com uma situação
semelhante, mas não tão má. É uma cena onde está tudo a discutir a
possibilidade de estarem em perigo, mas a seguir já estão todos a
divertirem-se. Como é que isto acontece? Olha
que engraçado estamos em perigo de vida? Mais vale aproveitarmos para estar com
amigos! Ou algo do género.
Por isso andei a fazer uma pesquisa e foi isto que
encontrei:
As cenas de transição são como pontuação (é muito mais
engraçado em português porque rima). Eles actuam como pontos finais, terminando
uma acção, ou como travessões, permitindo aos leitores uma pausa. Elas podem
deixar uma pergunta em mente, ou acabar com um ponto de exclamação, de forma a
que os leitores fiquem ansiosos para saber o que vem a seguir.
As transições, definitivamente, não devem pôr ninguém a
dormir ou fazer com que percam o interesse no que vem a seguir. E, saltar para uma outra cena demasiado cedo pode fazer com que o leitor se sinta traído
ou confuso.
As transições precisam de estrutura, e requer pensamento
avançado. Tens que pensar sobre onde é que o teu personagem acabou de estar
para poderes terminar a cena, e precisas de pensar aonde é que o personagem
precisa de estar a seguir, para teres a certeza que consegues fazer uma
transição suave.
Transições devem levar os leitores a soltar um suspiro
animado ou a acabar em suspense para que não consigam resistir em virar a página
seguinte. Escreve de maneira a deixá-los com uma resposta emocional “Oh,
tão triste!” ou “Oh, tão querido…”
Assim, quando voltar a pegar no livro, o leitor não se vai
procurar com a quantidade de horas que passaram entre a pausa.
Por isso, vou voltar
ao trabalho e esperar que consiga realmente pôr em prática aquilo que escrevo.
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