domingo, 27 de dezembro de 2015

Opinião Literária - A Chama ao Vento

Romances não estão, sem sombra de dúvida, entre os meus géneros literários preferidos. É por isso que quando pego num livro de romance este é geralmente histórico ou um clássico. Jane Austen é fantástica a abordar problemas de feminismo -- da sua altura -- e distinções de classe e não me envergonho de gostar dela.

Esta retinência é em pegar nestes livros, sempre com medo que seja muito ligados ao romance e pouco há História, levou-me a adiar esta leitura. Mas "A Chama ao Vento" foi escrito por uma colega da Coolbooks e já tinha lido boas críticas ao seu trabalho.

Titulo Original: A Chama ao Vento (já foi mencionado)
Autora: Carla M. Soares (aka colega da Coolbooks)
Editora: Coolbooks (não acabei de dizer?)
Páginas: 430 (na versão eWook)

Sinopse: Um corpo anónimo é lançado à água num misterioso voo noturno sobre o Atlântico…

Vivem-se os anos mais negros da Segunda Guerra Mundial, e a vida brilha com a força e a fragilidade de uma chama ao vento. Na Lisboa de espiões e fugitivos dos anos 40, João Lopes apresenta à sua amiga Carmo um estrangeiro mais velho, homem de segredos e intenções obscuras que depressa a seduz, atraindo os dois jovens para uma teia de mistérios e paixões de consequências imprevistas.
Anos volvidos, Francisco, jornalista, homem inquieto, pouco sabe de si próprio e menos ainda de Carmo, a avó silenciosa que o criou, chama apagada de outros tempos. É João Lopes quem promete trazer-lhe a sua história inesperada, história da família e dos passados perdidos nos tempos revoltos da Segunda Grande Guerra e da Revolução de Abril. Para João, é uma história há muito devida. Para Francisco, o derrubar dos muros que ergueu em torno da memória e da própria vida.
Um retrato íntimo de Portugal em três gerações, pela talentosa escritora de Alma Rebelde.


Opinião: Depois de ler tantos livros em inglês (por serem mais baratos e fáceis de adquirir) comecei a sentir que a minha escrita, tanto nas traduções da vertente inglês-português como criativa, estava a ser indubitavelmente prejudicada, pelo que decidi escolher algo para ler na língua portuguesa. “A Chama ao Vento” foi uma excelente escolha. Carla M. Soares escreve num português limpo, fluido e rico de uma forma não pretensiosa e complicada com o qual tenho por vezes o infortúnio de me deparar.

Devo admitir que não foi uma história que me agarrou logo nas primeiras páginas, mas as alterações entre a atualidade e o passado intrigavam-me e deixavam-me cheia de curiosidade; cada vez que reparava num flashback a caminho abria de repente os olhos e perguntava-me o que raio se estaria ali a passar. Foi isto que me fez continuar e, quando cheguei ao terceiro capítulo reparei que já estava tão submersa no livro que não seria capaz de o pousar mesmo que necessitasse, já tanto o passado como o presente me fascinavam de forma igual.

Apesar da narrativa ser feita inicialmente na perspetiva de um homem, achei que a autora conseguiu captar bem a essência do seu personagem, Francisco, um homem fechado e distante -- resultado de falta de conhecimento de si mesmo -- e apesar de não apreciar a maneira como deixa Teresa do lado fora, compreendo as suas razões. 

Teresa, é sem dúvida, a minha personagem preferida do rol de mulheres descritas. É uma mulher dos tempos modernos que, como qualquer mulher apaixonada, abdica um pouco da sua própria felicidade e dos seus desejos para manter-se ao lado do homem que ama numa esperança contínua que ele mude ou recompense tal dedicação com uma parte de si mesmo, sem no entanto fechar os olhos ou perder a dignidade quando se apercebe que demais é demais e por vezes é necessário desistir daqueles que não querem ser salvos. 

A narrativa do passado acontece no seio da Segunda Guerra Mundial, do qual Portugal não fez parte. Adorei o contraste da autora ao descrever Lisboa como uma cidade bela e antiquada, mas como ao mesmo tempo representa Portugal como um país retrógrado e lento a aceitar os novos tempos, assim como a sua reflexão da ignorância vivida pelo país face à guerra que decorria no mundo lá fora.

“A Chama ao Vento” também aborda tópicos como a ingenuidade de um primeiro amor, mas é aqui que confesso fiquei um bocado desiludida com a razão que apagou a chama de Carmo (perder um amor é algo duro, mas quando esse é o único motivo que faz com que uma pessoa se torne num zombie, eu perco um pouco o respeito por tais mulheres, especialmente quando estas têm pessoas a depender de si; como o filho dela. Gostaria que Carmo tivesse mais envolvida em assuntos políticos e fosse as atrocidades que sofreu que a tivessem deixado assim).

Também gostaria de ter ficado a saber mais sobre a mãe de Francisco. O que fez com que ela não voltasse depois de ter tentado voltar ao país? O que faz uma mãe abandonar o filho?

No entanto, entendo que os tempos eram outros, força não era algo encorajado nas mulheres e nem todos os personagens são obrigados a agir como desejamos, são essas falhas que os tornam autênticos e nos fazem conectar com eles e ler uma página atrás da outra.  

"A Chama ao Vento" pode ser adquirido no site da Coolbooks. Também podes ler um excerto aqui.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Playlist de "Um Natal Assombrado"

Quem já teve o prazer, ou desprazer, de passar comigo esta época natalícia sabe que, tal como a Zhao, às vezes deixo-me levar um pouco pelas decorações (sem virar, como se diz na minha família, "uma generala"). 

Mas mais do que decorações de Natal, o que gosto mesmo são músicas de Natal e algumas inspiraram-me bastante na escrita de "Um Natal Assombrado", um conto de Natal referente ao mundo criado eM "Sombras" que pode ser adquirido gratuitamente no site da Smashwords se ainda não tiveste o prazer de ler.

Tentei escolher versões mais recentes (e indie) que se integravam bem a este mundo visionado. 

Portanto -- sem querer estragar a história aos que ainda não leram, aconselho a ler primeiro o conto antes de ler a playlist que serviu de inspiração -- fica aqui uma lista do soundtrack que o acompanham.

"Little Drummer Boy" - Sean Quigley 
O inicio da história quando as venatori estão a fazer compras de Natal.



"Up on the Housetop" - Reba McEntire
Esta é a música que imagino que os venatori estejam a ouvir enquanto decoram a árvore de Natal.



"Winter Song" - Sara Bareilles & Ingrid Micaelson
O meu momento preferido, o de Lilly e de Liam. Esta música ganhou uma competição renhida com a "Love is Christmas" de Sara Bareilles (que preferi usar para um pequeno texto que escrevi para a Coolbooks), mas ganhou pelas palavras.

"December never felt so wrong
Because you're not where you belong
Inside my arms"



"Frosty the Snowman" - Zee Avi
Zhao não fica contente com o pedido de Nolan, e esta é a música que imagino que tenha obrigado as outras a ouvirem enquanto partem. É natalícia, mas um tanto sombria sem perder um certo toque de alegre (estranha, não é?).



"Mary, Did You Know?" Pentatonix
Eu não sou religiosa, mas Ada é bastante e é por isso que quando vê um coro da igreja a cantar, Ada deixa-se ficar para trás para apreciar. Se eu tivesse de escolher uma versão religiosa de alguma música de Natal que admirasse, seria esta. 



"Carol of the Bells" - The Bird and the Bee
Carol of the Bells dever ser das músicas mais sombrias de Natal e é por isso muito utilizada em filmes de terror natalícios (que obviamente tenho de adorar porque junta terror com Natal. Que mais posso pedir?) e é por isso uma boa música de fundo a momentos de espera.



"I want a Hippopotamus for Christmas" - A Great Big World
O Natal é suposto ser uma época de alegria, e não queria que este conto fosse muito sombrio (fica para outra altura quando decidir partilhar as origens de Natal e o assustador Krampus), por isso a cena em que os venatori perseguem os yuletides tentei fazer com que fosse certamente cómica, juntamente com a obsessão de Zhao em não deixar estragar nada no Natal. O quão hilariante não é imaginar uma perseguição com esta música?



"Home for the Holiday" - Sugar & The Hi Lows

SPOILERS

A missão está terminada e as venatori poderão finalmente ir para a casa, mas Ada tem um último pedido... 


"Have Yourself a Merry Little Christmas" - Digital Daggers
Digital Daggers é uma banda que acompanha a escrita de "Sombras" e da sua sequela de forma rigorosa. Adoro as suas batidas e o seu toque sombrio, portanto não conseguia escolher melhor música para descrever o jantar de Natal.

"Faithful friends who are dear to us
Will be near to us once more"



"Run Rudolph Run" - Chuck Berry
Imaginem os venatori a correr pela casa inteira ao som desta música. É perfeita para uma boa corrida!



"Silver Bells" - Digital Daggers
O Natal está a terminar e Lilly perde um pouco de tempo para refletir no que perdeu e no que ganhou. E para reparar num pequeno presente que alguém lhe deixou.



Deixem as vossas opiniões acerca de "Um Natal Assombrado" no Goodreads
E para quem ainda não teve o prazer de se aconchegar com "Sombras" neste inverno, não percam esta oportunidade e comprem-no aqui. Ou leiam o excerto disponível aqui.

A TODOS UM BOM NATAL (ASSOMBRADO)!

sábado, 19 de dezembro de 2015

Um Natal Assombrado Book Trailer

Falta pouco até ao Natal, portanto enquanto esperas pega num chá de limão (ou outro sabor de eleição), um cobertor, senta-te à frente da lareira e aconchega-te com "Um Natal Assombrado", um livro referente ao mundo criado em "Sombras"
Vais ver que o Natal em Venator não é assim tão diferente do teu...Ou talvez seja, descobre!

Também podes dar uma vista de olhos neste teaser trailer de "Um Natal Assombrado". Prepara-te!



"Sombras" ainda pode ser adquirido com 10% de desconto no website da Coolbooks. Lê um pequeno excerto aqui.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Um Natal Assombrado


Na altura do Halloween desejava ter feito um pequeno conto alegórico a esse tema, mas infelizmente ainda estava um pouco atrasada nas edições da sequela de "Sombras" e preferi usar esse tempo para continuar a trabalhar; visto que o Dia das Bruxas é um tema um pouco mais importante para a história, também não quis correr o risco de deixar escapar muito. 


No entanto, agora desejava deixar-vos um pequeno presente de Natal e em vez de vos presentear com um conto de Halloween presenteio com um conto de Natal. 

Se algumas vez ponderaste no que se esconde nas sombras no dia de Natal (ou pensavas que os monstros tiravam férias?) e na maneira como Lilly e os restantes venatori o celebram, tenho o prazer de anunciar que esse momento chegou .

Distribuído pela Smashwords, "Um Natal Assombrado" chegou agora à tua Internet e adivinha? É grátis! 

Descobre como os personagens de "Sombras" festejam o seu natal aqui.

E não te esqueças de dar a tua opinião e partilhar as tuas tradições de Natal no Goodreads.

A TODOS UM BOM NATAL (ASSOMBRADO)!

"Sombras" ainda pode ser adquirido no website da Coolbooks com 10% de desconto. Lê o pequeno excerto aqui.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Final da revisão e 10% de desconto em "Sombras"

Hoje considero-me de parabéns e posso finalmente descansar um pouco o meu olho zarolho (ontem fui ao oftalmologista e preciso de esperar mais umas duas semanas para ver se isto sara sozinho). É com prazer que confirmo o final das edições da sequela de "Sombras" e o manuscrito foi já enviado à editora.

Mas não comecem a celebrar já, ainda existe muito trabalhinho a fazer... No entanto, para aqueles que esperam tão ansiosamente esse momento está cada vez mais próximo.

Para os que ainda não leram tenho então uma boa notícia: "Sombras" está com 10% de desconto. Comprem um presente de natal a vós próprios e preparem-se para o que aí vem. 

Se não gostarem de adquirir livros um pouco às escuras, sempre podem ler o excerto.

De que estão à espera?


domingo, 29 de novembro de 2015

Um ano de Sombras

Ontem «Sombras» completou um ano... yay!! Parabéns!

Okay, vamos recapitular os acontecimentos deste primeiro ano.



Nas primeiras semanas, «Sombras» entrou para o top de ebooks mais vendidos da Wook e até constou na tabela do Diário de Notícias (ter o meu nome num dos principais jornais portugueses é algo que eu considero um grande feito).


No final do ano ainda estava no top 10, juntamente com Divergente. Divergente! A sua escritora é só uma das maiores inspirações deste blog nada mais, que é isso?
E depois a euforia do inicio foi morrendo um bocadinho...

Agora, apesar de a situação parecer um bocado lúgubre, mas isto não são motivos para desanimar. A verdade é que Portugal está entre os países que menos lê na Europa. Em segundo lugar está ainda o facto de muito ainda não terem aderido à moda do formato digital, E em terceiro o facto de o género fantástico não ser um género agradado a todos. Existe muitos para agradar. 

Mas vamos nos concentrar nas coisas positivas.

De todas as pessoas que leram, até agora tenho sido abençoada com apenas elogios e críticas positivas. Muitos apreciaram o meu sentido de humor, o sarcasmo e o ritmo com que a história se desenvolve. Alguns informaram-me da pequena tristeza que sentiram quando terminaram de ler e se aperceberam que a Lilly, o Liam e o Louis já não os acompanhariam nos transportes. E falando em transportes públicos, pelo menos duas pessoas, comentaram o facto de terem sido apanhados a rir em pleno metro ou comboio e como alguns se decidiram juntar com um sorriso. Ao que parece «Sombrasdiário» anda a espalhar alegria. 

Tudo isto são coisas que qualquer escritor(a) sonha um dia ouvir da sua obra. 

Um recapitulo das melhores críticas:  
  • "Uma história interessante que me prendeu do principio ao fim." - Anónimo 
  • "Adoro descobrir o talento que temos em Portugal. Tenho de confessar que gostei muito deste livro. Mais do que estava à espera. Revelou-se uma leitura surpreendente." - Histórias Fantásticas
  • "Tudo está bem interligado e a ação é constante, deixando o leitor ansioso pela próxima página, e a ideia de "só mais um capítulo" vai mais além aqui, porque só paramos de ler quando a vida realmente impõe. A cada ser sobrenatural que aparece, nota-se a pesquisa da autora." - Catarina Magalhães
  • "O mistério e o suspense continuam ao virar da página. [...] As personagens têm personalidade próprias e diferentes permitindo tomar partidos e criar empatias e desconfianças que os agarrem à história." - Inês Bento
  • "Está escrito de maneira a prender o leitor, fazê-lo pensar e  entrete-lo, tudo ao mesmo tempo. O humor está presente nos momentos mais inesperados e as personagens foram criadas de maneira imaginativa." - Claudia Cajada 
  • "Eu adorei ler este livro devido à mensagem que transmite [...]  nesta história a forma como a ação se desenvolve faz com que, ao longo do livro, mudemos o parecer relativamente a algumas personagens centrais. [...] Tenho que destacar a personagem principal que é um exemplo de força, perseverança e coragem para todas as mulheres" - Ana Baguecho
Agora a sua sequela está quase terminada e tenho de admitir que tem levado mais tempo que o esperado, porque neste último ano tive uns contratempos pessoais, terminei a faculdade (yay, licenciada!), viajei pela América do Sul (o novo livro estará repleto de referências a essas mitologias) e, por último, fui submetida a uma operação oftalmológica de correção laser que me deixou os olhos secos e não corrigiu a 100% (provavelmente serei obrigada a fazer mais uma cirurgia). 

Mesmo agora estou a fazer um grande esforço para conseguir ver alguma coisa enquanto escrevo, mas era incapaz de pousar este manuscrito quando se encontra tão próximo do fim...

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Soundtrack de «Sombras» - Bad Moon Rising

Bad Moon Rising é um clássico intemporal da banda Creedence Clearwater River e definitivamente a versão que me chamou à atenção para banda sonora de «Sombras», mas a versão de Mourning Ritual arrepia os pêlos de qualquer um. Ouvi-a pela primeira vez na série de televisão Teen Wolf quando um lunático decidiu matar toda a gente que lhe aparecia pela frente no hospital e no que toca a cenas sombrias é uma versão ótima!

"I see the bad moon arising. 
I see trouble on the way.
 
(…)
 
I see bad times today.
 

Don't go around tonight,
 
Well, it's bound to take your life,
 

There's a bad moon on the rise."


[Esta parte só existe na versão original de Creedence Clearwater River]
"Hope you got your things together. 
Hope you are quite prepared to die.
 
Looks like we're in for nasty weather.
 
One eye is taken for an eye
."

Para mim as letras desta música são particularmente interessantes para o momento em que Lilly, Matthew e Anya estão no parque de jardim na noite de lua cheia e de repente são obrigados a perseguir um lobo. 

Para ver o soundtrack completo lê este post.


E não se esqueçam de entrar no mundo fantástico de «Sombras» a partir do excerto disponível em http://bit.ly/1vsqkSJ ou em http://www.coolbooks.pt/sombras 


E vocês têm alguma música deste género que possa utilizar nos meus futuros processos criativos? Comentem se souberem de alguma.

terça-feira, 17 de novembro de 2015

A preparar-me para outra revisão

O ano passado quando estava a terminar o manuscrito de «Sombras» escrevi um post acerca do processo de revisão de Veronica Roth.


Agora que finalmente terminei mais um rascunho da sua sequela, voltei novamente ao seu conselho.

Revisão #1 – Leitura
Revisão #2 – Problemas globais e problemas locais
Revisão #3 – Período de reflexão

Não existe muito mais que possa acrescentar ao que já foi dito a não ser que recomendo seriamente a ler o rascunho tudo de uma vez. Quando lemos partes e focamos-nos a melhorar essas ditas partes e acabamos por esquecer um pouco o que já foi dito para trás, o que nos leva a repetir certas coisas, como diálogos que sabíamos que queríamos incluir que na verdade já foram escritos, mas esquecemos; descrições que já usámos e pequenas coisas aqui e ali.

Eu dei a uma amiga para ler a sequela e dizer o que achava e sem me aperceber tinha escrito algumas cenas repetidas o que ela comentou “já escreveste isto”, “já disseste algo semelhante”. Porquê? Porque não tenho o mesmo processo de leitura que ela em que tudo fica fresco na memória porque não existem pausas para trabalhar noutros pontos.

Outro ponto também fortemente aconselhável é deixar o manuscrito descansar um pouco. Isso é algo que de momento não me posso dar ao luxo visto que com o último ano de licenciatura, o trabalho, os estágios e o facto de ter passado os últimos três meses a viajar pela América do Sul, devo admitir que a escrita sofreu um bocadinho e devo retomar ao trabalho o mais depressa possível.

Mas deixar o manuscrito descansar permite-te a voltar com os olhos refrescados e a mente descansada. Distraí-te com outra tarefa. No entanto, o que eu aconselho a fazer é tomar notas das coisas que já sabes que tens de alterar.


Mas isso também depende de cada um, se eu soubesse a melhor maneira de enfrentar o difícil processo de revisão não temeria tanto quando este momento chega. Se alguém descobrir, por favor avise…

Entretanto fiquem com a maravilhosa foto do meu grandioso manuscrito :)


sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Soundtrack de «Sombras» - Devil Within

Já falei várias vezes acerca da importância que a música tem no meu processo criativo. Não consigo enumerar a quantidade de vezes que fui dar uma volta no meio de uma floresta em Londres, ou dos montes que existem ao redor da minha casa em Portugal com os fones nos ouvidos e de repente uma ideia (que considero genial) aparece do nada. 

É certo que por vezes não consigo concentrar-me ao deparar-me com uma tarefa particularmente exigente se a música estiver a chatear-me por trás e nessas ocasiões preciso de extremo silêncio. Mas em geral, música e movimento são os melhores amigos da criatividade. 

Por isso decidi começar uma nova série de posts onde descrevo como certas músicas em particular afetam o enredo de «Sombras».

E a primeira é "Digital Daggers - Devil Within", porque não sei que outra música usar que melhor descreva um cenário de vampiros. Acho que é um "must" para qualquer pessoa que queira escrever algo eletrizante. Desde as suas batidas inicias que proporcionam um clima misterioso e sombrio até às suas letras.

"You won't see me in the mirror
But I crept into your heart
You can't make me disappear 
Till I make you
[...]

I made myself a promise 
You will never see me cry
Till I make you

You'll never know what hit you
Won't see me closing in 
I'm gonna make you suffer
This hell you put me in 
I'm underneath your skin
The Devil Within.
[...]

Look what you've made of me
I'll make you see"

Para mim esta canção é particularmente interessante depois dos acontecimentos com Anya. Lilly é controlada por uma raiva que a move e faz destruir tudo o que lhe aparece no caminho e fica decidida a destruir a rede que lhe causou tamanha dor. 

Para ver o soundtrack completo lê este post.


E não se esqueçam de entrar no mundo fantástico de «Sombras» a partir do excerto disponível em http://bit.ly/1vsqkSJ ou em http://www.coolbooks.pt/sombras 


E vocês têm alguma música deste género que possa utilizar nos meus futuros processos criativos? Comentem se souberem de alguma.

terça-feira, 20 de outubro de 2015

50 Dicas para Escrever Melhor - Dica Nº19

Dica nº19: Empresta a mente a todos os teus personagens.

Aqui está algo que, na minha opinião, por vezes torna-se difícil de executar. 


Muitas vezes quando leio um livro e por alguma razão não consigo conetar com os outros personagens deve-se apenas a um facto: não têm personalidades próprias. O enredo de personagens acaba por ser apenas uma fotocópia uns dos outros e onde só as suas aparências parecem mudar. Isto acontece particularmente quando o autor tenta escrever em diferentes POV (Point of view – Pontos de vista) e torna-se bastante difícil de destingir quem participa no quê e quem foi o responsável por ter dado cabo do couro a quem se não tivermos o vilão a gritar pelo nome do personagem vezes sem conta.

Eu digo isto sabendo perfeitamente que também caiu vítima desta falha vezes sem conta. É difícil não utilizarmos versões nossas para todos os nossos personagens, afinal de contas são fruto da nossa imaginação. Mas se existe algo do qual me orgulho é das repetidas vezes que as pessoas me dizem que não sou aquilo que elas esperavam de mim, que pareço mais de uma pessoa enfiada num só corpo (não, ainda não fui diagnosticada com múltiplas personalidades). O ser humano é muito mais complexo do que preto no branco, queres mesmo acreditar que não consegues ver uma situação de perspectivas diferentes e utilizando duas mentes?

Um exercício que me ajudou bastante quando estava a tentar criar mais de vinte personagens (já perdi a conta a quantos são) foi escrever a mesma cena de “Sombras” nas perspetivas de diferentes personagens e ver onde estava a repetir-me demasiado na escrita e onde eles se diferenciavam.

Nota: é onde eles se diferenciam que te deves focar.

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Pick Up A Weirdo - La Ronda

Since, my old Aussie couple and the British girl left, I've found a another Aussie guy to be my dinner mate. It's nice, because unlike Paracas, the lodge is not full of volunteers so I don't have that many opportunities to socialise and that is something that brings me down a little, since I already miss home like crazy!!!

So, the Aussie just does his life during the day, sometimes we will share a tv show in the afternoon, and go out for dinner at night, since he is travelling alone and is a bit stranded here waiting for the girl he likes to get some free time, I guess he is also a little bit lonely.

We decided to finally see La Ronda, very popular at night in Quito. It is quite a magical place, and it reminds me a little of Bairro Alto in Portugal, with its steep streets, little bars and restaurants, vibrating with music and some people talking outside. But it is also one hundred per cent South American with its typical latino music.

We dared trying the costumary "vino hervido". I can't say it goes well with food but I'm not the best wine appreciator and my dinner mate is still deciding wether he likes it or not. It's quite fruity and sweet similar to the one I had tried with Mo and David back in Cusco.

With the effects of the wine working on us we start ranting about our latest failed attempts on romance whilst travelling, he tells me about the girl he came to Quito for and I tell him about my experience from Paracas, the only person I ever told about was David when we met in Cusco so it felt nice to have someone telling me how the lost was all on the other dude (since the only thing David can tell me is "Trish, I can't believe you have feelings!!)

Later on, the restaurant starts to get its karaoke machine pulled out and a line of anxious singers starts to form. "I think it's time to get out of here," my dinner mates rushes before we have to listen to the desperate untuned singers.

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Pick Up A Weirdo - Compliment more

Today the strangest thing happened. Strange for me since it's not something that happens to me everyday...

I was having my day off at the Huasi Lodge where I am now doing some Workaway experience, and I started talking to this old guy staying there. He was telling me how he had a fake stamp on his passport and was worried that he might get deported. 

I listened, not being able to do much else since immigration is not really one of my specialties and knowing that the only thing I could do was to offer to do some translation from Spanish, but also compeletely aware that my boss would be a much wiser choice. 

He just ended up thanking me and explaining me his whole situation and asking me my plans for the future. I can't say I have anything planned out, right now I am torned with the fact that I don't have money to go to China like I want to and doing some travelling in the US of A!

He seemed excited about the idea of the United States, offering me his brother's contact if I ever passed by Virginia.

The point is later that day, he came back and told me something:

He told me how, without meaning to sound flirtatious he complimented a young girl in the same dorm as him, saying "Hey, the beauty sleep must be really working for you." She was surprised and told him that as weird as it seems it wasn't something she heard that often.

He then decided to come back to me and tell me how beautiful I was and that that morning he was having a really rough morning and somehow I made it better with my contagious "bubbly" personality. That was something that I was quite shocked to hear because as an introvert who is quite sometimes confused as arrogant, being happy and bubbly is not something I hear a lot.

"Right! People normally thing that of you cause they don't know you and misunderstand you. I feel blessed because you've decided to show your extroverted side with me and made me start my day on the right foot and gave me a lot of confidence to deal with my problems. And sometimes you might not have the idea of the effect you have on people, so I just wanted to share that with you."

How wonderful would it be if people all decided to be like this old hippie man, who just wishes to spread compliments everywhere he goes, if instead of being so afraid of how we feel or what other people might think we would just be honest and smile to strangers, compliment on others beauty, others clothes, instead of being so focused on what they have of negative, or what they have that we envy.

terça-feira, 4 de agosto de 2015

Pick Up A Weirdo - First day in Cusco


I hiked through Calle Suecia with my heavy backpack with one thought on my mind “why had I brought so much?” Let’s face it, if I spent 4 months – if I lasted the four months – without jeans would that be that much of a big deal? And why had I packed running shoes? And who’s idea it was that writers needed computers to write? Why not use paper anymore?

I walked past by 499 directly to 565. Where the hell was 504? Was the universe on some kind of conspiracy against me?

I asked two men passing by if they knew the hostel. One of them, the youngest, took out his phone and searched it on maps. I wanted to take my rucksack and put it on the floor so I could rest my shoulders, but I didn’t want to look weaker than I already was with my fluttering voice and quick breath. I was still getting used to the altitude in the Andes. Instead, I shifted constantly the weight on my back.

The hostel was ever further. I kept walking and when I finally saw it, it was on top of a steep staircase, every time I lifted one leg to take another step I felt the weight of the bag leaning me backwards.

Cusco was a city that seemed to not have been touch by time at its fullest. You could hear the occasional noise of cars but they were mostly muffled by the sound of screaming children playing, the birds chippering, and tourists talking all over the restaurants. Sometimes even the clock made its presence duly noted.

I sat on one of the park bench people watching while I wrote on my notebook. Everyone was travelling in pairs or with their families and I never felt more alone. How was I gonna make those four months when every second that passed I was constantly reminded of something I had not allowed myself to think about for so long? When there was no distraction, no one to keep me busy?

An old woman sat next to me asking me if I was writing on my diary. I tried to explain to her in the little broken Spanish I knew that I was a writer, I was surprised when more Spanish words came out of my mouth I had never been able to have a conversation with Spanish people when I’d tried before. I guess it really was true that you need to be in the country to learn a language. But as she started talking about how she was a divorced women with the same number of children my mother had, and go figure… one of them even had my name, I realized I was being scammed. Still I did not accept to buy anything from her, gave her a few alms and she left contempt.


Soon after that I called it a day and returned home. Home! That was a joke. I had no home. When I went back, where was I gonna go back to? Portugal wasn’t for sure. But I still didn’t know my place in the world.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Why writers lead better lives than others

As I was reading an article on writing I came up with an advice that said “turn the lights and music off, and listen to the rain”. This advice especially moved because on that very same day as I was leaving the house I had been attentively paying attention to what I like to call “the sounds of London”, my brain just kept working as I was trying to absorb all in and trying to come up with ways to describe how the two floor bus sounds different from the everyday car, and how the planes fly over my head …

Later that day I went to my bedroom and sat on my bed, that normally causes me to face a wall of pictures and memories, but it was raining and there were small drops on my window. I did not want to face a white wall, I wanted to look outside and see the naked branches dance unrithmically against each other. I wanted to see the tall pikes of the nearby church visible from my bedroom trying to touch the grey sky, and I wanted to see that black small bird that had already wandered too much from its tree.

The point is, I did not needed to follow that advice, I was already doing it. And yes, Beethoven’s Spring Sonata may have been playing in the background but that was because the rain was a simple pitter-patter.

Writers, just like artists, find beauty in the outmost ordinary things in life. My mum’s green eyes smudged with brown near its iris amazes me. The cold seaweed smell of the ocean soothes me. The way each note is played in a piano sends shivers down my spine and the drumming of a djembe feels me with energy. We just record everything in our minds and find beauty in what is simple.

A fellow writer once told me “writing is the only form of art that does not require sense”. People need their ears to listen to music, their eyes or touch to see and feel art, their mouths to sing and their bodies to dance. Writers just feel all of those senses intensely but do need none in order to perform their art, they just put one letter after the other and make people feel with their imagination… is imagination a sense? I do not recall learning that in school. 

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Porque o amor é para ser celebrado aos pares


For this was seynt Volantynys day when euery bryd comyth there to chese his make.
Primeiro poema do dia de São Valentim



Reza a lenda que São Valentim foi condenado à morte por realizar cerimónias de casamento a soldados proibidos de se casarem. Durante o seu encarceramento, Valentim salvou a filha do seu carcereiro e ao escrever a sua carta de despedida, antes de ser executado, assinou-a "O teu Valentim".

O Dia dos Namorados está repleto de folclore e, por esta razão, porque não aproveitar para desfrutar com uma mistura de romance e mitologia ao ler "Sombras". (Lê o excerto grátis)

A Coolboks tem agora uma campanha perfeita para a ocasião: na compra de um leva outro.






Promoção válida para encomendas registadas entre as 00h00 de dia 11.02.2015 e as 23h59 do dia 17.02.2015 (GMT+1), nos livros que integram esta seleção.
Por cada compra de dois livros que efetue oferecemos-lhe o de menor valor.

Prova que os livros são melhores que os filmes - O Lado Selvagem

Todos nós, por mais que lutemos contra tal, somos controlados por fatores na nossa vida pessoal que dominam tudo o resto que fazemos, seja estudar, trabalhar ou até mesmo coisas que fazemos por prazer como ler. Não tenho problemas em admitir que apesar de ler ser uma das minhas maiores  paixões, muitas vezes torna-se tão entediante quanto fazer os T.P.C’s quando andava na primária e o que eu queria mesmo era brincar na rua. Tenho um certo objetivo de livros lidos que quero atingir por ano e preciso de o cumprir de forma a manter-me motivada. 

No entanto, existe alturas que acertas no jackpot da leitura. Muitas vezes isso pode acontecer quando te atreves a sair do teu género de conforto.

O que me levou à descoberta de Into the Wild (O Lado Selvagem) de Jon Krakauer.

Título Original: Into the Wild (pensava que já tinha dito)
Autor: Jon Krakauer (se bem me lembro também já foi mencionado)
Editora: Editorial Presença (se tivessem clicado no link para o website da Wook também sabiam este detalhe)
Páginas: 224 (este pormenor importa? Depois de tudo o que vou dizer vais continuar sem lê-lo?)

Sinopse: Baseado no caso real de Christopher McCandless, um jovem de vinte e dois anos que, ao terminar a faculdade, doou todo o seu dinheiro a uma instituição de caridade, mudou de identidade e partiu em busca de uma experiência genuína que transcendesse o materialismo do quotidiano. Começando a sua viagem pelo Oeste americano, Christopher dá igualmente início a uma aventura que mais tarde viria a encher as páginas dos jornais e que termina com a sua morte no Alasca. Uma morte misteriosa… Acidental ou propositada? Um livro comovente que cativa o leitor pela forma como é retratada a força indomável de um espírito rebelde e lírico.

Opinião: Quem me conhece sabe que adoro tudo o que esteja relacionado com aventura e natureza, e é talvez por essa razão que esta história me comoveu tanto. Não tenho por hábito ler livros que não se lêem de uma maneira convencional. Leio uns quantos capítulos de livros escolares ou assim, mas nada deste género; que se começa sabendo já o fim, e que não tem o original conflito e final feliz a que estamos habituados.

Jon Krakauer (ainda se lembram quem é ele? O autor do livro?) sentiu-se extremamente emocionado ao ouvir a história do jovem Chris McCandless e foi subitamente inundado por uma grande curiosidade em saber mais. O que levou este peregrino a embarcar em tal aventura? Como foi ali parar e o que correu mal?

A minha afinidade para com este livro não vem do desejo de ser como ele. Ele não é um herói no sentido que derrota o vilão da história como tantos livros que lemos. A minha afinidade provém das semelhanças que vejo. Um personagem fora do vulgar, com gostos e paixões semelhantes às minhas, que possui no entanto uma personalidade única e fortes princípios e que me faz desejar ser mais como ele.

Chris “Alexander Supertramp” McCandless é um amante do selvagem e ensina-nos que, apesar de admirável no seu estado mais puro e indomável, a natureza não deve ser tratada como uma amiga, mas com respeito e puro fascínio.

Jon Krakauer tem um talento nato para escolher as citações mais apropriadas no início de cada capítulo de forma a deixar-nos a ansiar por mais e eu relacionei-me pessoalmente com algumas delas

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

When inspiration strikes


"I write only when inspiration strikes. Fortunately it strikes every morning at nine o'clock sharp." 




De certeza que muitos de vocês já ouviram falar de escritores que têm sempre com eles um pequeno caderno de notas, ou algo em que escrever, mas às vezes quando esse elemento está em falta escreve-se no iPad, ou quando até mesmo isso foi esquecido já dei por mim muitas vezes a escrever uma mensagem rascunho no telemóvel, sentada num metro sem rede a sorrir que nem uma parva (a minha sorte é que ninguém em Londres presta atenção uns aos outros). A minha experiência mais recente foi ter um momento de inspiração divina quando estou quase a chegar à minha paragem e caminhar pelo meio da multidão enquanto escrevia distraidamente no iPad. 

Quando a inspiração ataca há que aproveitar ao máximo.