Agora que fui relembrada do meu pequeno conto «Pandora Não Gosta de Ler», decidi ir ao baú, bem lá no fundo e procurar o primeiro conto que alguma vez escrevi, "Sete Ilhas e Sete Mágoas".
Escrevi este conto quando tinha 9 anos e o papel já está amarelecido. Os desenhos que o acompanham fazem-me ficar ligeiramente embaraçada e a letra tipicamente manuscrita à primária.
Desde muito cedo que sabia que queria ser escritora e esta foi a minha primeira tentativa, tinha acabado de começar a ler o "Harry Potter e a Pedra Filosofal" e foi ai que a minha mente foi aberta para o mundo dos livros.
Correndo o risco de arruinar a minha carreira como escritora, decidi transcrever o conto sem alterar nada a não ser a ortografia e pontuação:
SETE ILHAS E SETE MÁGOAS
Há muito, muito tempo, nos tempos
dos réis e bruxas, vivia um rei numa grande ilha com a sua mulher e as suas
sete filhas.
A mais velha de 12 anos,
Alexandra, a de 11 Catarina, a de 10 Paula, as gémeas de 8 Lily e Tatiana, a de
5 Raquel, a de 3 Marléne e a de 1 Maria.
Todos viviam felizes como alguém
podia viver. A ilha era cheia de gente; crianças com quem as sete podiam brincar.
O rei tinha sete ilhas à volta
daquela, um bocadinho longe da grande e elas eram grandes, mas a maior era onde
toda a gente vivia feliz.
Mas um dia, a felicidade acabou,
as bruxas e os cidadãos tiveram uma luta terrível. O rei foi pôr as filhas em
cada uma das ilhas. Os outros foram pôr os seus filhos em terra e voltaram para
lutar pela sua terra.
Mas a sorte não esteve do lado
deles. As bruxas ganharam a enorme ilha que se chamava Felicidade e
afundaram-na. As sete perderam a memória dos seus pais, da sua terra e das suas
irmãs.
O tempo passou, elas tinham sido
criadas pelas sereis e golfinhos. As sereias tinham magia e conseguiam andar em
terra, na água tinham barbatanas e em terra tinham pés. As sereias
contaram-lhes a história dos pais e da guerra, menos das irmãs. Cada uma vivia
com a mágoa de não terem pais, terra e de não se lembrarem de nada dos seus
antigos tempos.
O divertimento delas era ir
visitar o fundo do mar. As sereias faziam magia e elas conseguiam aguentar
muito tempo debaixo de água, montadas nos golfinhos.
Um dia as sete foram ver, mais
uma vez, o fundo do mar e, como por coincidência, foram no mesmo dia e
encontraram-se. Quando voltaram ao cimo, perguntaram:
– Quem são aquelas raparigas que
vivem perto daqui e eu nunca soube?
Elas não lhes mentiram e
responderam que eram as suas irmãs.
Elas para se conhecerem foram
para a ilha da Maria.
Continuaram a viver nas suas
ilhas, mas indo visitar-se todos os dias.
Passado pouco tempo, sete
cavaleiros ouviram a história da ilha Felicidade e das sete raparigas. Nunca
ninguém tinha ido lá, porque tinham medo. Mas estes cavaleiros eram corajosos e
foram. Quando chegaram conheceram as belas raparigas, ficaram amigos e aos
poucos e poucos, apaixonaram-se.
A família já tinha ficado assustada,
porque não sabiam deles. Eles voltaram em segredo, levaram a família e os
amigos e voltaram para a ilha.
Com a magia das sereias, as suas
ilhas juntaram-se e ficou ainda maior que a Felicidade e chamou-se Sete Ilhas e Sete Mágoas. As sete ilhas que eram dantes e as mágoas que elas tinham dos seus
pais.
As sete casaram com os sete
cavaleiros e viveram felizes para sempre.
FIM
Como podem ver, já naquela altura tinha uma certa inclinação para criar imensas personagens e Lily já era um dos meus nomes preferidos para a criação das minhas personagens preferidas. Escusado será dizer que ainda não conhecia bem as bases do conflito, necessário para uma história e gostava de explicar mais do que devia. Mas tinha nove anos, em breve aprenderia muito mais sobre a escrita se fosse mesmo aquilo que desejava... e não é que queria mesmo.
Sem comentários:
Enviar um comentário