Linhas de abertura
I remember that it hurt.
Looking at her hurt. ~ Rusty Borgens do filme Stuck In Love
Stephen King passa meses a pensar nas frases de abertura.
Não
importa o que escreveres se não colares os leitores desde o início, ninguém se
vai dar ao trabalho de ler o que escreveste. É um trabalho injusto, passamos
séculos a desenvolver isto tudo e até podemos ter um trabalho fantástico, mas
se a primeira página for menos do que cativante, ninguém quer saber. E porque
haveriam, certo? Com um filme mau pode ser no máximo duas horas, mas num
romance estamos a falar de mínimo de dez horas. Ninguém quer chegar ao fim e
dizer: Ok, isto foi um desperdício de tempo! (Então porque é que os professores
nos obrigam a ler aquelas coisas horrorosas nas aulas de português?)
Já perdi a conta à quantidade de websites que li acerca do
assunto, mas dizem todos basicamente o mesmo.
Writer's Digest: How to write a great opening line
Creative Writing with the Crimson League: Writing your Novel's first line
GoodConten,co: How to start an article with a killer opening line
Parece mais fácil do que é. Mas um boa linha de abertura –
não, uma óptima linha de abertura vale a pena.
Podes começar a escrevê-la e
achar que está perfeita, ou podes tentar reescrevê-la cinquenta vezes. Faz o
que precisares. Mas não te tornes demasiado técnico/a. Este é um dos processos
intuitivos que precisas de trabalhar.
Se a primeira linha está a dar muito trabalho, salta-a. Por
vezes os escritores só conseguem lembrar-se da primeira linha depois de terem
escrito a última.
A primeira linha vale tudo. Marca o tom do livro, conecta o
leitor com o personagem ou o narrador, dá pistas para algo que vai acontecer. Tu
queres que o leitor se incline, olhe para as palavras e assente enquanto diz
“Uau! Isto vai ser bom.”
Podes tentar este site para inspiração ou dar uma vista de
olhos em algumas linhas de abertura de outros escritores.
“It is a truth
universally acknowledged, that a single man in possession of a good fortune,
must be in want of a wife.”
― Jane Austen, Pride and Prejudice
― Jane Austen, Pride and Prejudice
“Mr. and Mrs. Dursley,
of number four Privet Drive, were proud to say that they were perfectly normal,
thank you very much.”
― J.K. Rowling, Harry Potter and the Sorcerer's Stone
― J.K. Rowling, Harry Potter and the Sorcerer's Stone
“My name is Salmon,
like the fish; first name, Susie. I was fourteen when I was murdered.”
― Alice Sebold, The Lovely Bones
― Alice Sebold, The Lovely Bones
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